sábado, 17 de novembro de 2007

O Rei e o Presidente

Impõe-se um esclarecimento. Sou monárquico. Mas a última coisa que quereria seria um "rei" que se pusesse ao lado da oligarquia e atacasse quem optou pelos mais pobres. D. Juan Carlos I comportou-se de maneira grosseira para com o Presidente Hugo Chavez, mas o mais grave não foi a grosseria, mas o sinal que deu de que as suas simpatias estavam com Aznar, um fantoche do poder americano, um mentiroso que acusava a ETA do massacre de Madrid quando sabia que ele era de autoria muçulmana fundamentalista, um "democrata" que apoiou desde a primeira hora o golpe falhado de 2002 na Venezuela. D. Juan Carlos I é convidado habitual das reuniões do Grupo de Bilderberg, mostrando bem quais são os seus interesses e as suas lealdades. Se fosse um homem inteligente teria ficado calado na Cimeira Iberoamericana. Se fosse...mas não é...

A Opção Radical

O mundo está à beira de uma crise de grandes proporções. A obsessão hegemónica dos Estados Unidos e o seu recurso sistemático à força armada vão acabar por desencadear novos conflitos no Médio Oriente e, a prazo, com a China. O domínio exercido pelas oligarquias financeiras manifesta-se numa globalização que arruina as economias mais frágeis, e impõe uma dependência do petróleo cujo aumento sustentado do preço enriquece as grandes empresas petrolíferas. O desrespeito pelo ambiente está a provocar alterações climáticas que serão catastróficas para muitas regiões do globo. Os trabalhadores europeus vão ter de pagar a factura de uma concorrência impiedosa que vai levar à deslocalização massiva de actividades produtivas para países onde os direitos dos trabalhadores são ignorados. Os direitos humanos são cada vez mais desrespeitados, assistindo-se a uma crescente tirania por parte de um poder político submetido às oligarquias financeiras. A exclusão social é um flagelo em crescimento, produto de um liberalismo económico fundamentalista. A extorsão fiscal atingiu níveis insuportáveis.

Face a isto os partidos políticos tradicionais, mesmo os que se intitulam de "socialistas", nada mais fazem do que favorecer os grandes interesses económicos e financeiros internacionais, submetendo-se ao diktat de organismos tipo Grupo de Bilderberg, Trilateral, etc.

Para colocar um travão a este processo catastrófico; para proteger os mais frágeis das nossas sociedades; para garantir a subsistência a quem trabalha, para acabar com o boicote à alternativa energética do hidrogénio e promover as energias renováveis em geral; para inverter o processo de degradação ambiental; para acabar com a exploração dos países menos desenvolvidos; para acabar com o poder oligárquico; para impor o respeito pelos direitos humanos, já não se pode contar com as forças políticas centristas, sejam elas de centro direita ou de centro esquerda. Os políticos dessas correntes ou se venderam ou se submeteram à oligarquia internacional, não sendo mais do que correias de transmissão dos seus interesses. Só uma opção sistemática pelas correntes radicais de esquerda nos pode libertar deste processo catastrófico. Só o apoio aos que já se manifestaram incorruptos e incorruptíveis pode parar com a corrupção.

Dentro de pouco mais de um ano vai-se iniciar em Portugal um ciclo eleitoral que abrange as eleições para a AR, para o Parlamento Europeu e para as autarquias. Os eleitores vão ter de entrar em ruptura com as forças habituais da exploração e da inépcia e optar por forças políticas radicais que já manifestaram a sua vontade de enfrentar as múltiplas facetas desta crise, sem concessões aos que a provocaram. Algumas experiências na América Latina, como as que estão em curso na Venezuela, na Bolívia, no Equador e na Nicarágua, mostram que é possível derrotar as oligarquias e os seus mentores. É possível devolver a posse dos meios de produção aos trabalhadores, sem capitalismo de Estado; é possível privilegiar os mais pobres; é possível alargar os cuidados de saúde, a educação e a segurança social sem arruinar a economia; é possível fazer justiça; é possível fazer tudo isto no respeito da democracia e da liberdade.

É possível. Façamo-lo.